terça-feira, 9 de julho de 2013

O Aluno exemplar que nem nota para Recurso tem.



A crua realidade é que este artigo poderia ser uma espécie de biografia de diversos alunos universitários. O aluno que se esforça ao longo de vários semestres, que vai a todas as aulas, que fica no final das lições a fazer perguntas aos seus mestres, enfim, o discente que até recorre a diversas tranches de ajudas externas para passar na prova final… Mas nunca acaba por ser suficiente. Este aluno chama-se Portugal!

Portugal entrou para a escolinha Europeia em 1986. Tinha tudo para progredir, crescer, fazer-se num homem de barba rija. Seria a ponte marítima para mercados riquíssimos, a euforia era constante, a motivação imensa, a inteligência escassa. Décadas passaram, e a exigência do ensino começou a aumentar. A capacidade de absorção tornou-se diminuta nalguns casos, e oportunidades escorriam entre os dedos. Tivemos tudo para aproveitar, mas ficámos apenas com uma mão cheia de nada.

Reajo então, com um certo espanto, às mais recentes notícias que indicam que o nosso modesto país é o modelo exemplar de boa aplicação e gestão das medidas implantadas pelo FMI e pela Troika.

È claro o motivo que leva a esta distinção. Comemos e calamos. Surgem directizes que tornam premente o aumento dos impostos, e como boa gente que somos, imediatamente é isso que fazemos, não vá parecer mal aos olhos dos chefões. Deus nos livre!

A juntar ao acima descrito, surgem cortes numa segurança social cada vez mais debilitada, deixando milhares na miséria e outros tantos sem rumo para dar às suas vidas. Será isso mau? Longe disso, ponham os olhos em nós, aqui temos sempre bolinha verde no comportamento.

Deitemos para baixo do tapete um povo em crescente desagrado, manifestado cada vez mais pelas diversas demonstrações populares que tentam fazer chegar aos ouvidos dos nossos competentes dirigentes as dificuldades que se fazem sentir, o que importa aqui é o factor económico e financeiro.

Basicamente somos um relatório final de estágio onde a capa e a apresentação são belíssimas, mas cujo conteúdo é comparável ao de um artigo realizado por um aluno do 1º ciclo.

È clara a posição desta europa. O bem-estar social e dignidade humana são coisas de segundo plano, o que nos põe a comida na mesa no final do mês são juros da dívida menores, e não o investimento na criação de novos empregos.

O genial no meio desta mixórdia toda, é que mesmo seguindo todos os protocolos, todas as exigências e todas as medidas austeras, continuamos num poço sem fundo. Lutamos e trabalhamos arduamente ao longo de anos e acabamos por  ter de lamber botas para passarmos à rasca para o ciclo seguinte de medidas que aí vem. O povo? Esse que se lixe, se já aguentou até agora bem que pode aguentar mais um bocado.

É este o retrato subjectivo deste nosso país, lutamos, trabalhamos e damos o suor e as lágrimas para parecer bem aos olhos dos poderosos, mas acabamos por chumbar com uma mísera negativa que nos perspectiva um futuro ainda mais negro, mas sempre exemplar!
 

Tiago Gonçalves
2º ano, Ciência Política


O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.



Sem comentários:

Enviar um comentário