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segunda-feira, 1 de julho de 2013

SWAP MAGIC

Hoje os caciques choram a perda de um líder, enquanto uns ingénuos festejam a queda de Vítor Gaspar. Eu, por mais repugnação que sinta pelo Vitor Gaspar, não vou festejar. 

Embora odeie caciques, quem me chateia mais são os ingénuos. Desde a queda do Estado Novo até ás ultimas legislativas tivemos quatorze governos (sem contar com as duas brincadeiras de Ramalho Eanes, os governos de iniciativa presidencial), e em praticamente todas elas houve remodelações e demissões. Agora remeto o leitor para uma análise política destas remodelações/demissões e pergunto: alguma vez a política dum governo mudou com caras novas? Claro que não, e isto até as crianças por nascer já sabem.

O importante é mudar a política, não as caras. As pessoas são as representantes da agenda ideológica do governo, e não é a sua imagem que muda a intensidade da sua agressão ao povo. Esta política só acaba quando todo o governo for derrubado (só por precaução, e sabendo que vou perder muitos "likes" com este aparte: eu não sou do PS e, para mim, este é igual ao PSD).

Para colmatar esta perda o governo fez um "swap" de Vitor Gaspar com Maria Luis Albuquerque. Para os desconhecedores, esta senhora é, até amanhã, Sec. de Estado do Tesouro, e ficou conhecida recentemente por ter participado nos contratos ruinosos das "swap", no que diz respeito a ela, à REFER. Apesar de não gostar do João Semedo ele proferiu a melhor frase que poderia ser dita para esta senhora: "é a primeira pessoa que, antes de ocupar a pasta das finanças, já tinha condições para ser demitida".

O background desta senhora conseguiu levar-me aos meus tempos de criança. Os leitores que ainda jogaram Playstation 2 são capazes de se lembrar do sistema que permitia jogar jogos gravados, chamado "Swap Magic". Este sistema tem uma coisa em comum com o historial desta senhora e sua "swap" com Vítor Gaspar: é lixo e acabava sempre por estragar a Playstation. Infelizmente receio o mesmo destino para o país.



Pedro Aires
2º ano, Ciência Política



O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Margaret Thatcher e o povo de ferro.

Ontem, dia 8 de Abril de 2013, morreu Margaret Thatcher.
Dia 5 de maio de 1981 morreu Bobby Sands, durante uma greve de fome, que incluiu outros independentistas irlandeses. Em 1984-85 aconteceu a greve dos mineiros, onde 6 foram assassinados. Em 1990 começam a "Poll Tax Riots", cuja repressão  policial deixa Miguel Macedo verde.
A governação de Margaret Thatcher é quase toda ela um fenómeno social. É difícil encontrar , na história da Grã-Bretanha, um período onde as massas se unissem de uma maneira tão violenta mas igualmente bela. A população converge nas ruas com um único propósito: acabar com a exploração, agravada pelas políticas de Margaret Thatcher. Dessas medidas, destaco a privatização em massa de diversos sectores e a redução das prestações sociais, que, inevitavelmente, levaram milhares para a pobreza. Contudo, uma população descontente e na miséria é sempre maleável, pois numa mente destroçada é mais fácil construir ideias. É nesta altura, com o agravar das condições de vida, que vemos o crescimento dos movimentos "skin head" de índole xenófoba, na maioria jovens operários sem perspectivas de futuro. A dama, que para mim não é de ferro mas de outra coisa, conseguiu, indirectamente  fortalecer um movimento perigoso, que passados quase 70 anos se encontra mais forte que nunca.
Este cenário de ocupação por parte dos "sábios" do Consenso de Washington no Reino Unido não ficou sem resposta. Tivemos as greves de fome dos membros do IRA, cujo o caso de maior relevo foi o de Bobby Sands, que reivindicava, entre outras coisas, o direito à auto determinação da Irlanda do Norte e melhores condições para os presos independentistas. Este acabaria por morrer após 66 dias sem comer. Tivemos a luta dos mineiros em 84-85, que com a ameaça da destruição de milhares de postos de trabalho se lançaram na rua a protestar, tendo 6 deles sido assassinados por balas "thatcharianas".
O thatcherismo não ficaria pelas terras de sua majestade, tendo sido fortemente sentido no resto do mundo. Relembro a sua grande amizade com Augusto Pinochet, ditador do Chile que derrubou o governo de Salvador Allende, homem que resgatou milhares da pobreza. Relembro também o apoio que esta deu a Pol Pot e aos seus "Kmers Rouge", que ceifaram a vida a 3 milhões de pessoas no Camboja. Relembro o seu papel na guerra das ilhas Falkland, onde levou a guerra para além do necessário. E se ainda houver espaço para mais lembranças, relembro o seu apoio ao regime do Apartheid, e a afirmação que fez, considerando Nelson Mandela um terrorista, homem que, independentemente das ideologias, consegue recolher o apoio de todo o espectro político.
No meio disto tudo perde-se uma fundamentalista do neoliberalismo. Só espero que, no meio desse fundamentalismo, haja o bom senso de se fazer um funeral pago por privados, visto que para ela o Estado não era eficiente.
Nunca irei considerar uma pessoa que vive apoiada por magnatas do dinheiro digna de exaltação da personalidade. As únicas pessoas que merecem ser glorificadas são aquelas que morreram a lutar pela liberdade que esta senhora negou.
No meio da convulsão social, e da época difícil que foi, a única coisa feita de ferro não foi a dama mas sim o povo.

Pedro Aires
2º ano, Ciência Política

O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.