sábado, 11 de maio de 2013

Portugal, o fashionista europeu



Por entre tudo de que é acusado o nosso pequeno país à beira-mar existe um fator que julgo sempre ter sido desvalorizado na nossa visão política de café.

Portugal é e sempre será o país mais fashionista da Europa!

Bem sei que moda e política raramente se misturam mas é impossível não louvar a nossa dedicação a esta característica, visto que chega quase a ser comovente a nossa intransigência a não deixarmos de seguir os outros.

É fácil vermos isto ao longo da nossa história moderna: tivemos um sistema ditatorial quando o resto do mundo assim o teve, amámos o keynesianismo desmedido com uma força tremenda, e, de olhar morto e sorriso idiótico, atirámo-nos de braços abertos como uma noiva virgem na sua noite de núpcias (com acordo pré nupcial e tudo!) para o buraco negro dos 27, sem contar com a austeridade desmedida que agora é o novo trendsetter europeu.

Não fomos feitos para ser os criadores de mudança. Somos simplesmente aquele país que, sem saber nadar, se ergue majestosamente na crista da onda apenas para quase nos afogarmos quando esta desaba junto a praia.

Quando a Europa brincou aos impérios nós também assim o fizemos (bastante bem diga-se de passagem), quando chegou a altura de brincar aos burgueses também brincámos, apesar de a vasta maioria da população não saber ler nem escrever e o resultado disso ser a burguesia idiótica que vemos em qualquer um dos livros de Eça de Queiroz, que se agarrou drasticamente aos lados pecaminosos dos excessos burgueses e não ao lado artístico e entrepreneur dos povos do norte e dos franceses. Brincámos com a democracia até ela cair de podre; quando foi para seguir o Keynesianismo, lá estávamos nós, sem empresas nacionais (ao contrario do Estados Unidos) e a ter que pedir emprestado para manter o sistema a funcionar (uma espécie de “ask and spend” ao contrario do “tax and spend”) e continuamos hoje na crista da onda sendo dos países mais afetados pela crise internacional.

Somos e sempre seremos orgulhosamente e afincadamente o país mais casmurro no cego desejo de seguir e não mandar!

Se é para se falar de salvar a democracia o primeiro passo é corrigir o passado.

Temos de abandonar o keynesianismo e o modelo social criado em cima de varas verdes, pois para se partir para tal modelo é indispensável um forte passado capitalista e não o capitalismo a meio vapor que temos tido neste país (a própria teoria de Keynes parte do pressuposto de que ou se está num constante clima de pós-guerra e de crescimento industrial resultante ou que o Estado tem a capacidade de criar empresas de qualidade e de motivar os trabalhadores a nelas comparticiparem). Temos de recriar uma classe burguesa orgulhosa dos seus feitos pessoais, interessada no crescimento intelectual dos seus compatriotas, filantropa, entrepeneur. Temos que ensinar as pessoas a aceitarem a democracia de livre vontade e a crescerem nela colhendo todos os frutos que esta filha do conhecimento tem para oferecer.

Senão, e vendo o que se está a passar a nível internacional, os dois rumos a seguir serão ou perseguir sem-abrigos como os Húngaros (caso nos inclinemos mais para a direita) ou andarmos à bulha no parlamento como na Venezuela (caso nos inclinemos mais para a esquerda).

Uma estupada monstra”, como diria o Eça.

Luís Francisco Sousa
ano, Ciência Política

O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.  

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