quinta-feira, 13 de junho de 2013

Querido Senhor do Bigode


Sempre defendi o direito à greve. Afinal, é um direito!

Enquadrado legalmente, e tendo a entidade empregadora o queijo e a faca na mão, quando falham as negociações à mesa, a greve é a única forma dos trabalhadores defenderem os seus direitos – toda a gente tem a tendência de os defender sem deles abrir mão, falemos de trabalhadores, empregadores, ou de quem quer que seja. Ao fim ao cabo a greve é quase como que um factor de contrabalanço do poder, uma ferramenta reguladora.

No entanto, enoja-me esta greve dos professores aos exames, provas importantíssimas, ainda mais no ensino secundário. São necessárias para concluir o curso, especialmente para quem as faz por externo, essenciais no acesso ao ensino superior, valem uma parte considerável da nota final... Parece-me hipocrisia que os professores que tanto fazem e gostam dos seus alunos, que passam todo um ano lectivo a prepará-los precisamente para estes exames, agora decidam que a única forma de demover o governo daquilo que consideram injusto seja injustiçar e prejudicar os seus queridos estudantes. Porque quem sai prejudicado disto são os alunos, não o governo, não mais ninguém.

Recordo um professor de matemática que tive, homem íntegro. Numa aula em dia de greve, chegou, e para nosso desconsolo (que dia de greve era normalmente um dia santo) disse que era a primeira vez que fazia greve na vida. Não assinou o livro de ponto mas deu aula como se nada fosse, porque não nos queria prejudicar, dizia. Verdade seja dita que lhe descontaram o dia! Houvesse mais professores assim!

Que esta greve sem tino seja um redondo fracasso.

Vasco Antunes
1º Ano, Ciência Política

O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor. 

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