sábado, 6 de abril de 2013

Adeus que me vou embora



Toda a farsa tem um fim, e a do futuro ex-licenciado Miguel Relvas no governo teve nesta quinta-feira o seu já há muito anunciado fim.

O coordenador político deste executivo não soube sair quando devia, e andou mais de um ano a denegrir aos olhos dos portugueses a sua imagem, a de um Governo e dos políticos em geral.

O que se passou nesta quinta-feira não foi escândalo nenhum; escândalo foi quando toda a gente se apercebeu que o padrinho político de Passos Coelho no Governo – como no seu discurso de despedida gostou de relembrar incessantemente – era um homem que, para além da sua parca formação, também não tinha frequentado devidamente um curso superior. Aí sim, o escândalo deflagrou e queimou não só Miguel Relvas, como muita da legitimidade política da ação do Governo.

Demitir-se foi, de facto, a melhor medida que Relvas tomou até hoje. Mas sai tarde. Teve a hipótese de sair há alguns meses atrás com alguma da sua dignidade, mas não; preferiu deixar tudo para o último dia, o dia em que o Ministro da Educação emitiu o relatório que retirará (e bem!) o grau de licenciado aos relváticos deste país.

A “falta de força anímica” que Miguel Relvas fala não é mais que uma desistência sua num duelo que anda a ter há algum tempo contra o bom senso. Enquanto esse duelo se foi desenrolando, o tempo foi passando e tornou-o pródigo em trapalhadas; desde a tentativa falhada de privatizar o serviço público da RTP, até outra tentativa falhada de cantarolar a Grândola numa manifestação contra a sua pessoa.

Contudo, e apesar do bom senso ter imperado, o ex-ministro não se coibiu de se fazer de mártir na hora de despedida, na sua tentativa de demonstrar que merece entrar para a História de Portugal pelos melhores motivos. Mas não se engana! A História fará o seu papel e alinhar-se-á com os contemporâneos de Miguel Relvas e denunciará a sua pequenez e o fracasso que foi enquanto governante.

Quanto às carpideiras do PSD, sugiro também alguma maturidade e menos cegueira partidária, que isto não foi nenhuma cabala como quiseram fazer crer. O país precisa de gente melhor que isso para nos governar.

Miguel Relvas deu o mote, e nos próximos dias, se tudo correr como deve, irá haver muitas movimentações nas cadeiras dos Ministros. Depois do Tribunal Constitucional chumbar o Orçamento de Estado, resta a Passos Coelho e Cavaco Silva pensar na verdadeira remodelação do Governo. 

n.d.r.: este artigo foi escrito antes do anúncio da decisão do Tribunal Constitucional 

João Martins
1º ano, Ciência Política

O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.

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