Toda a farsa tem um
fim, e a do futuro ex-licenciado Miguel Relvas no governo teve nesta
quinta-feira o seu já há muito anunciado fim.
O coordenador político
deste executivo não soube sair quando devia, e andou mais de um ano a denegrir aos
olhos dos portugueses a sua imagem, a de um Governo e dos políticos em geral.
O que se passou nesta
quinta-feira não foi escândalo nenhum; escândalo foi quando toda a gente se
apercebeu que o padrinho político de Passos Coelho no Governo – como no seu
discurso de despedida gostou de relembrar incessantemente – era um homem que,
para além da sua parca formação, também não tinha frequentado devidamente um
curso superior. Aí sim, o escândalo deflagrou e queimou não só Miguel Relvas,
como muita da legitimidade política da ação do Governo.
Demitir-se foi, de
facto, a melhor medida que Relvas tomou até hoje. Mas sai tarde. Teve a
hipótese de sair há alguns meses atrás com alguma da sua dignidade, mas não;
preferiu deixar tudo para o último dia, o dia em que o Ministro da Educação
emitiu o relatório que retirará (e bem!) o grau de licenciado aos relváticos
deste país.
A “falta de força
anímica” que Miguel Relvas fala não é mais que uma desistência sua num duelo
que anda a ter há algum tempo contra o bom senso. Enquanto esse duelo se foi
desenrolando, o tempo foi passando e tornou-o pródigo em trapalhadas; desde a
tentativa falhada de privatizar o serviço público da RTP, até outra tentativa
falhada de cantarolar a Grândola numa manifestação contra a sua pessoa.
Contudo, e apesar do
bom senso ter imperado, o ex-ministro não se coibiu de se fazer de mártir na
hora de despedida, na sua tentativa de demonstrar que merece entrar para a
História de Portugal pelos melhores motivos. Mas não se engana! A História fará
o seu papel e alinhar-se-á com os contemporâneos de Miguel Relvas e denunciará
a sua pequenez e o fracasso que foi enquanto governante.
Quanto às carpideiras
do PSD, sugiro também alguma maturidade e menos cegueira partidária, que isto
não foi nenhuma cabala como quiseram fazer crer. O país precisa de gente melhor
que isso para nos governar.
Miguel Relvas deu o
mote, e nos próximos dias, se tudo correr como deve, irá haver muitas
movimentações nas cadeiras dos Ministros. Depois do Tribunal Constitucional
chumbar o Orçamento de Estado, resta a Passos Coelho e Cavaco Silva pensar na
verdadeira remodelação do Governo.
n.d.r.: este artigo foi escrito antes do anúncio da decisão do Tribunal Constitucional
João Martins
1º ano, Ciência Política
O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.
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