Vivemos
numa época em que parece ser cada vez mais a norma a existência de um Estado de
Excepção. Este facto faz com que a aparente “normalidade” que antes existia
seja então a excepção. Vivemos momentos conturbados, que porventura nos levarão
a afirmar a necessidade da existência de uma ordem excepcional, que seja
transitória para que assim possamos voltar à normalidade.
Giorgio
Agamben na sua obra de 2003, Estado de
Excepção revisita este problema celebrizado por Schmitt na primeira metade
do século passado levando a uma maior compreensão desta problemática. Mas o que
é então o Estado de Excepção? Segundo Agamben é “sempre uma coisa diferente da
anarquia e do caos”, é se quisermos uma suspensão do Direito, do Contrato
Social expresso na Constituição de um Estado se bem que legitimado de forma
legal através do mesmo ordenamento jurídico que irá substituir.
Neste
período em que na Europa vivemos o jugo do Estado de Excepção, ou se quisermos
por este problema de outro modo, vivemos um período onde o monopólio da
violência está sobreposta ao primado da lei, observamos então que a constante
personalização da política faz com que possamos incluir este tipo de
governação; tal como diz Agamben na já citada obra; “Numa tradição biopolítica
da auctoritas e não à tradição
jurídica da potestas”.
Em
Portugal, estamos também a assistir a uma suspensão da política em favor de
algo diferente, Zizek diria que vivemos num ambiente de “pós-política” que
apenas nos confunde, pois destrói a ordem que levou anos a edificar. Este
edifício democrático e estatal que hoje parece ruir é uma construção que hoje,
mais que nunca, parece estar de facto a ser uma Excepção do Estado onde este
está a ser substituído por uma nova forma de Economia (Oikos+Nomos) que nos parece levar de novo para a casa do dono da
casa.
Esta
problemática da substituição do Estado pelo Estado de Excepção, é no fundo a
substituição da política pela economia e que “como qualquer espaço de excepção,
esta zona está, na verdade, perfeitamente vazia, e o verdadeiramente humano que
aí deveria acontecer é tão-somente o lugar duma decisão incessantemente
actualizada” criando por isso um espaço vazio – uma vida nua.
O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.
Hugo Brito
2º ano, Mestrado em Ciência Política
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