terça-feira, 23 de abril de 2013

“…Tanto falamos mas que pouco praticamos”

Ao ouvir o discurso do mais recente Secretário-Geral da União Geral dos Sindicatos, Carlos Silva, fui assaltado pela certeza de que tinha de escrever algo sobre este homem. Um discurso motivador, irreverente, emotivo, assertivo, de esperança e sem dúvida de mudança! Desde a lágrima no canto do seu olho, até à sua citação de Miguel Torga, em todas as suas palavras, o seu discurso transbordava confiança, paixão e decisão!


O até então Presidente do Sindicato dos Bancários do Centro, militante do PS desde os seus 18 anos, tem já um vasto percurso político e sindical. Passou pela JS, pela FAUL, e por vários sindicatos, desempenhando em todas as associações, cargos de relevo, fruto da sua entrega aos mesmos e à sua capacidade de liderança. Apresentou a sua candidatura a Secretário-Geral e foi alvo da maior unanimidade eleitoral da Intersindical, com cerca de 89% dos votos dos delegados. Uma vitória histórica.


Os tempos que vivemos não são fáceis, todos o sabemos, somos constantemente assolados pela incerteza e instabilidade governativa, económica e social. Tempos estáveis e seguros são agora uma mera miragem de um futuro distante. Com tantas mudanças é igualmente necessário adaptarmo-nos a ela com uma nova postura, combativa e resiliente. Assim o demonstra ser Carlos Silva. O antigo Secretário- Geral, João Proença, esteve à frente da Intersindical aproximadamente duas décadas. Para mim, este personifica a antiga postura que agora, mais do que nunca, é necessário reverter. É crucial sair da zona de conforto, arregaçar as mangas e lutar!


Esta não é uma altura em que se fecha um ciclo, mas sim onde começa um novo, mais forte, rejuvenescido, com força e vontade para lutar pelos direitos dos trabalhadores, no qual, Carlos Silva, afirma estar disposto a andar na rua, ao lado dos trabalhadores sempre que necessário, reforçando que “a rua é a sede do povo”, e fazendo a promessa de ir para as ruas com Abril e Maio. Apontado por muitos como sendo um homem mais à esquerda do que foi João Proença, firma que não irá vacilar se tiver de escolher entre a defesa dos trabalhadores ou os credores estrangeiros que emprestam dinheiro, pois não há espaço para o fazer, é hora de tomar decisões e agir! É esta força e este vigor coimbrã que o levaram até onde este se encontra e que me levam a admirá-lo, pois tal como eu, também Marcelo Rebelo de Sousa, seu antigo professor, o recorda com um sorriso, lembrando-se de quando o mesmo era seu aluno.


Agora em frente à UGT, não ocupa meramente um cargo, enfrenta sim um desafio, que em nada será fácil. Está disponível para o diálogo e a concertação social, mas não a qualquer preço. Terá então de coordenar a sua acção com os interesses e necessidades dos trabalhadores juntamente com os partidos políticos. Um papel de mediador que acaba muitas vezes por ser o mais ingrato e complicado de desempenhar. Mas tenho a certeza que Carlos Silva, com a força da Intersindical atrás de si, conseguirá trazer aos trabalhadores o que a eles pertence, através da sua luta pelo fim do despotismo político e por uma sociedade mais igualitária, fazendo jus aos direitos valorosamente conquistados em 1974.
                                                                                         

                                                                                   André Rosa
1º ano, Ciência Política

O artigo publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor.

2 comentários:

  1. André....Intersindical é o nome da CGTP.... a outra central sindical...

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  2. Olá Zé Carlos! se a UGT é fruto da união de vários sindicatos, certamente pode ser apelidada de Intersindical

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