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A nível de plano académico, qual o balanço que faz do ano transacto?
Globalmente, o balanço é positivo na exacta medida que
nós também não fazemos uma análise de ano a ano. Mas para a escola foi um ano
bastante positivo.
Foi mais um ano de confirmação de uma estratégia de
diversificação da oferta educativa não só na área do ensino graduado normal que
temos, mas também na diversificação ao nível das actividades que a escola
desenvolveu para a área da formação, para a área da consultoria, para a área
dos estudos de especialização e dos estudos de pós-graduados, da criação de um
conjunto de instrumentos para reforçar a actividade da escola nessa área.
Portanto, globalmente, a escola cresceu, aumentou o
número de alunos e tem vindo a consolidar uma estratégia da afirmação como
Escola de Ciências Sociais e Políticas que se tem revelado ganhadora, e que
esta medida vem na direcção da escola não só nesta área como nas actividades
dos alunos e com toda a comunidade da escola no plano de actividades anual. É
uma escola que está viva, que tem desenhado e desenhou para trás um projecto de
diversificação, que viveu e enfrentou um conjunto de problemas que se
avizinhavam, quer com o processo de Bolonha, que nos obrigava a diversificar, nomeadamente
através das licenciaturas de pós-laboral, e aumentar a oferta educativa em
novas áreas e nas nossas valências, criar novos cursos, criar novos cursos de
mestrado, doutoramento, criar novas especialidades. Os cursos correspondem a
uma estratégia de diversificação que se tem revelado ganhadora e que este ano
também mais uma vez, se estão a colher frutos.
Exactamente este ano atingimos o patamar de maior
escola do ensino ao nível das licenciaturas da Universidade Técnica de Lisboa,
penso que estamos neste momento com quase quatro mil alunos no sistema
considerando todas as formações... Portanto globalmente é bastante positivo. É
um trabalho com futuro que envolve desde os docentes às equipas directivas,
órgãos de gestão, todos os outros órgãos de apoio, funcionários e, como é
óbvio, inclui o contributo dos alunos, que têm sido também uma voz activa neste
processo.
Actualmente, e considerando também a qualidade do corpo docente, pensa que actual oferta educativa ISCSPiana é adequada para dar resposta a todos os desafios nacionais e internacionais que possam ter que enfrentar os alunos formados nesta casa?
Neste momento, face às exigências
que são consideráveis como todos sabem, existem factores que garantem
essa qualidade. A qualidade não se faz só dos docentes serem mais ou menos
doutorados.
Existem várias variáveis: o
desempenho que os docentes têm em termos académicos e pedagógicos, podendo ou
não doutorados. As suas qualificações individuais em termos da qualidade
da escola são o resultado de um contributo de várias situações, tal como a
qualidade dos seus estudos e do seu ajustamento.
Este ano passamos por um processo
de reorganização e ajustamento dos planos de estudos. Podemos também como
é evidente, melhorar sempre a qualidade dos recursos humanos ou dos docentes,
existe uma preocupação em função daquilo que é exigido para a formação em
termos de recursos humanos, mas como é evidente os constrangimentos económicos
e financeiros não nos permitem também diversificar muito essa capacidade de
recrutamento dentro dos possíveis.
Há que suportar esses custos, e
há sempre melhorias a fazer no ponto de vista da dimensão dos recursos
humanos e de pessoal docente mas globalmente para uma escola destas que gasta bastante
dinheiro (…) nessa dimensão estou perfeitamente consciente que
é suficiente para garantir essa qualidade (…) também nos próprios
professores.
Contudo essa questão da qualidade
não pode ser só revogada pelo contributo do corpo docente, mesmo logo em
termos de base da forma como os planos de estudo estão estruturados, de modo a
maximizar a relação que o ensino tem com a investigação.
Nós temos, por exemplo, neste
momento um grupo em configuração com toda a nossa área de investigação e
uma reorganização dos centros de investigação, com uma abertura de laboratórios
e observatórios que permitam que os alunos possam também desenvolver
um projecto de investigação à escala micro. É um processo que está agora a
ser fechado e neste momento já foi decidido.
Há depois variáveis que têm a
ver com o contexto interno da escola, como a qualidade dos serviços, a
maneira como os recursos garantem uma qualidade de prestação de apoio aos
alunos, na garantia que parte da avaliação de competências é também feita com
qualidade. Portanto são um conjunto de variáveis que têm de ser aqui
trazidas para conduzir a dimensão de qualidade do ensino.
Como é evidente, o corpo docente é
um dos aspectos fulcrais, mas também sabemos que não se deve descurar os
aspectos materiais. Nós, comparativamente a outras escolas, somos uma
Instituição que se destaca no ponto de vista das condições materiais que
oferece aos alunos e das condições para os estudos e investigação.
Portanto é todo este corpo de variáveis que tem de ser aqui trazido.
Relativamente ao corpo docente é evidente que temos hipóteses e devemos ter
sempre em vista melhorar a qualificação e ajustar o contexto
económico-financeiro às possibilidades reais. Podemos agora dizer que no
ponto de vista dessa dimensão nós tivemos de fazer uma certa compressão
por questões de ajustamento financeiro, mas a escola não está fechada à
melhoria da qualificação dos recursos humanos.
Nós temos neste momento dois
professores que estão com licença sabática para fazer os seus doutoramentos. É
um esforço que a escola faz para garantir que esses professores consigam
fazer doutoramentos com qualidade. Estamos a trabalhar para que os nossos
docentes desenvolvam um contributo de investigação mais apurado, mas também
tenho a noção que neste contexto estamos a pedir muito mais aos docentes, pois
eles têm de ensinar, investigar e desempenhar outras funções pedagógicas.
Do ponto de vista global,
comparando a outras escolas, penso que temos de estar satisfeitos na parte
da questão interna, que como sabe há questões que não controlamos, como as questões
do mercado de trabalho, mas isso ultrapassa em larga medida a escola.
Quais as vantagens de estudar no ISCSP, comparativamente a outra faculdade da mesma área?
Globalmente aquilo que lhe posso
dizer é que o ISCSP é uma escola com uma forte tradição no campo das Ciências
Sociais e Políticas. Organizacionalmente é uma escola aberta com
estruturas directivas, dispostas a colaborar com os alunos, e dando aos
alunos capacidade de interagirem com todo o corpo docente. Portanto tem a
vantagem de termos uma cultura organizacional de grande partilha e de
grande capacidade para integrar os problemas imediatos, e os problemas dos
alunos. Nós temos uma comunidade académica muito grande, temos um vasto número
de alunos que é uma máquina muito complicada de gerir, portanto, é uma
escola que se evidencia com uma cultura muito aberta a iniciativas onde
todos nós temos espaço, desde os docentes, aos alunos, aos núcleos, às várias sub-comunidades
que integram o ISCSP. Não existem constrangimentos em termos das suas
iniciativas, no desenvolvimento das suas actividades, e é portanto uma
grande colectividade, com uma grande autonomia por benefício daquilo
que disse. Portanto, temos uma cultura que marca o eixo de uma
escola pública nesta área das ciências sociais e políticas.
Aliás, somos a escola de Ciências
Sociais e Política da Universidade Técnica. Possuímos uma formação
multidisciplinar, somos muito eficazes por termos uma formação demasiado
aberta, e portanto focada para prática, ainda que nós hoje tenhamos que
equilibrar isso com os cursos de Bolonha que são três anos. Portanto é sempre
difícil, ainda mais nesta área das Ciências Sociais e Políticas, ajustar os
recursos para uma dimensão absolutamente dirigida à prática. É,
portanto, uma tradição de formação multidisciplinar que muitas vezes os
alunos no ciclo de vida, que passam sobretudo ao nível de licenciatura ,acham
que é redutora mas o que eu, enquanto presidente, e com 40 anos de escola,
conheço muito em termos de formação e isso é um acto que os
alunos valorizam muito no futuro. Podem não encontrar logo algo condizente
com aquilo que são as suas áreas de estudo, mas esta formação
multidisciplinar que é uma tradição fortíssima da Instituição, tem-se
revelado no futuro proveitosa.
Portanto, eu acho que mesmo o
aspecto que marca a nossa assinatura “Valorizamos pessoas”, tem a ver com
esta cultura em que temos alguma preocupação que todos tenham o seu
espaço, uma forte formação multidisciplinar, e agora, mais recentemente
criar novas fileiras para que os alunos possam ter alternativas de
valorização e de aprendizagem ao longo da vida, porque oferecemos e temos
a preocupação de oferecer um caminho progressivo para a formação dos alunos.
Portanto acho que o que nos
distingue é uma forte cultura de organização e de integração de espaço, para
que todas as comunidades possam inclusive desenvolver as suas actividades,
e acomodar essas pretensões.
Apesar de tudo, tem sido uma escola
que não tem tido problemas do ponto de vista da integração de todas essas
comunidades, por outro lado, esta forte tradição multidisciplinar de ser
uma escola que tem estado atenta à necessidade de abrir e fazer alguma
ruptura com o que era a formação clássica, abrindo novos cursos e
diversificando a sua oferta, garantir boas condições e boa qualidade na
nossa oferta educativa.
Cada escola defenderá
concerteza os seus activos, mas julgo que nós somos reconhecidos por
esta pluralidade, por esta diversidade, por esta capacidade de ganhamos
muito em termos de espaço que temos para usufruir nesta escola.
Quais foram as principais dificuldades que sentiu quando iniciou o seu mandato? Os cortes no financiamento prejudicam o Instituto?
Os problemas são gerais. Não são só
do ISCSP, são de todo o país, e todas as estruturas do Ensino Superior
Universitário e Político, e face aos constrangimentos do país e aos
cortes que no nosso caso rondam cerca de 2 milhões de euros do orçamento de
estado em 2 anos, há duas dimensões muito simples. Por um lado, estes constrangimentos
obrigaram a uma estratégia da escola no âmbito da diversificação das
suas ofertas, para garantir a boa gestão financeira proveniente tanto dos
fundos públicos como das receitas próprias. Ter muito rigor na gestão, e
conseguir que todas as verbas das receitas próprias sejam gastas em
benefício dos alunos, nomeadamente em actividades diversificadas, os mestrados,
doutoramentos, pós-graduações, cursos de especialização. Isso é uma nota de
sucesso em relação ao mandato anterior, porque uma escola que não tenha
essa política que eu à bocado lhe disse não tinha este crescimento que
teve. Foi a escola que mais cresceu no quadro da universidade e vamos ser, por
exemplo, no quadro da fusão, a quarta ou quinta escola das dezoito escolas
da Nova Universidade de Lisboa. Se não tivéssemos esta boa imagem, esta
política de valorização, não tinhamos atractividade e não podíamos preencher as
vagas e por aí fora. Portanto, apesar de tudo há factores de atractividade
que são demonstrados pelos resultados. Quanto à questões dos
constrangimentos financeiros, eles existem, são globais, implicam o esforço
acrescido no sentido de garantir a sustentabilidade da instituição, e isso
implica uma gestão muito rigorosa no sentido de adequar as nossas políticas.
Se a escola tiver recursos que estejam em excesso ou que mesmo não estando
em excesso possam ser melhor aproveitados, tem que ser feito esse
exercício. De outra maneira, torna-se difícil.
E, portanto, este foi o primeiro
constrangimento, ou seja, a escola teve que fazer neste último ano e fará
no ano seguinte (2013/2014), um exercício de ajustamento entre os recursos as
respostas que tem de dar, naturalmente, aos professores, às
estruturas, aos alunos, aos órgãos, aos funcionários; mas em especial
a nós professores de modo a demonstrar também que é possível gerir uma
escola com menos recursos, não perdendo de vista que é preciso estratégias
de compensação de recursos, por isso fizemos um esforço, o primeiro de
ajustamento interno, o segundo de desenvolvimento.
Se a escola fizer só um esforço de
ajustamento, sem fazer em paralelo um de desenvolvimento, significava que
estava a ter algum equilíbrio, mas que não estava a compensar depois o seu
projecto de desenvolvimento, porque sem recursos próprios e sem receitas
próprias, nós já dependemos quase em 60% de receitas próprias, portanto o
estado apenas contribui em cerca de 40 % do orçamento de estado para o
funcionamento do ISCSP.
Para sustentar o projecto de
qualidade do desenvolvimento da escola e de reforço da oferta educativa,
melhoria da qualidade do serviço, como sabem temos um gabinete de estudos
avançados só para tratar os alunos dos estudos pós-graduados, doutoramento e
mestrados. Temos o instituto de estudos pós graduados que só trata das pós
graduações, criámos agora um instituto de formação e consultaria que vai tratar
só da área da formação, criámos a escola de línguas. Quer dizer, todo este
projecto de desenvolvimento visa aumentar a capacidade de obtenção de recursos
por receitas próprias, para manter o nível de funcionamento e
sustentabilidade.
Portanto, é este o esforço que é
muito grande. Por um lado, pedir ás pessoas para fazerem mais e ainda por cima
com cortes muito significativos. Manter um esforço e um rigor muito grande na
cobrança das receitas próprias, nomeadamente nas propinas, para tentar ter uma
atenção especial ás dificuldades dos alunos e propondo soluções para os casos
mais complicados. Ao mesmo tempo não não prescindimos nunca de ter uma gestão
rigorosa para que essas receitas entrem na escola, pois de outra maneira não é
possível sustentá-la.
É então um esforço que se faz com
muito sacrifício mas que tem que ser feito.
(1/2)
Entrevista conduzida por Adriana Correira e Tiago Gonçalves (NCP)
Falo do Regulamento de Avaliação?
ResponderEliminarFalo das aulas excessivamente longas?
Falo da parcialidade e falta de rigor dos docentes?
NAAAAA!!!!
Vamos tentar vender a imagem do ISCSP mais um bocadinho...
ganda LOL
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